Tempo de leitura estimado: 7 minutos
Não sou exatamente um fã de Call of Duty. Minha relação com a franquia começou lá atrás, na época do Xbox 360, e depois disso joguei apenas alguns títulos pontuais nas gerações seguintes. Além disso, FPS nunca foi meu gênero preferido — visão em primeira pessoa costuma me cansar rápido.
Mesmo assim, resolvi dar uma chance à campanha de Call of Duty: Black Ops 7, jogando na versão de Xbox Series X. O jogo foi lançado em 14 de novembro de 2025, desenvolvido pela Treyarch em parceria com a Raven Software, e publicado pela Activision. É classificado para 18 anos, e chama atenção logo de cara pelo tamanho: a instalação completa pode chegar a cerca de 315,2 GB, embora seja possível instalar apenas partes específicas, como a campanha, reduzindo o download para algo em torno de 100 GB.
Quanto à jogabilidade, apesar de eu preferir jogos em terceira pessoa, fiquei surpreso ao ver essa opção disponível na campanha — e ela funciona melhor do que eu esperava. Ainda assim, deixo claro: na sua essência, Black Ops 7 é um jogo pensado para ser jogado em primeira pessoa. A perspectiva alternativa ajuda quem não é fã do estilo, como eu, mas não muda a natureza do título.
| Pontos Importantes
- A queda de qualidade pela pressão anual;
- Campanha esquecível e pouco imersiva;
- Gameplay continua divertida, especialmente em co-op;
- Boa opções de armas e habilidades;
- Sinal de alerta para o futuro da série.
| Resumo
Call of Duty: Black Ops 7 entrega uma campanha ambiciosa, misturando guerra futurista, manipulação psicológica e elementos quase surreais. Apesar de trazer boas ideias, a história sofre com falta de polimento: personagens pouco memoráveis, inconsistências no co-op e detalhes que quebram a imersão deixam claro o impacto do ciclo anual de lançamentos. Ainda assim, a ambientação em 2035 e o hub de Avalon oferecem momentos interessantes, mesmo que a narrativa sirva mais como apoio para a ação do que como protagonista.
Por outro lado, a jogabilidade segue sendo o ponto forte. A campanha — claramente pensada para ser jogada em co-op — é divertida com amigos, com combate fluido, arsenal variado e a possibilidade de alternar entre primeira e terceira pessoa de forma rápida e funcional. No solo, a experiência se sustenta, mas evidencia ainda mais as falhas narrativas. No fim, Black Ops 7 entretém pelo gameplay, mas reforça a urgência de a franquia respirar e retomar o cuidado que sempre fez de COD um nome tão forte no gênero.
| Trailer
| História
De acordo com a Treyarch e a própria Activision, a campanha de Black Ops 7 se passa no ano 2035, em um mundo à beira do caos, marcado por conflitos violentos e guerras psicológicas. David “Section” Mason lidera uma equipe do JSOC para enfrentar a Guild, uma corporação tecnológica poderosa que transforma o medo em arma. A aventura passa por diversos cenários, indo de ruas urbanas a paisagens mentais surrealistas, além da misteriosa cidade mediterrânea de Avalon, onde segredos perigosos aguardam.
Minha impressão da história foi neutra. Não me empolgou, mas também não considero um desastre. Para quem é fã dos Call of Duty mais clássicos e focados em guerra realista, essa campanha pode causar estranhamento: aqui o foco é ficção científica, com viagens mentais, manipulação psicológica e situações bem “viajadas”.
Como eu gosto de tramas exageradas e sci-fi, essa pegada não me incomodou tanto. Ainda assim, considero tudo bem mediano. A narrativa funciona mais como pano de fundo para justificar o tiroteio constante do que como algo realmente marcante. Em alguns momentos, a história até lembra o clima do modo Zumbi — e a campanha claramente abraça essa liberdade.
Um ponto que realmente prejudicou minha imersão foi o co-op. Embora exista a opção de jogar sozinho, seu esquadrão aparece nas cutscenes, mas durante o gameplay simplesmente “some” ou parece presente e ausente ao mesmo tempo. Faltou capricho aqui, e isso escancara a pressão anual que essa franquia sofre para lançar sempre mais um jogo. Nos COD antigos, o modo campanha costumava ter mais cuidado; neste, isso ficou bem aquém do esperado.
Ao concluir a campanha “normal”, é liberado o End Game, um modo de mapa aberto no estilo Warzone, ambientado em Avalon, reforçando a proposta cooperativa e de experiência contínua.
| Jogabilidade
A campanha de Black Ops 7 foi projetada com foco claro no cooperativo para até quatro jogadores, oferecendo missões estruturadas para trabalho em equipe, progressão compartilhada e encontros pensados para múltiplas frentes de combate. A jogabilidade segue o padrão moderno da franquia: movimentação rápida, combate responsivo, variedade de armas e possibilidade de personalização de equipamentos. O jogo também permite alternar a qualquer momento entre visão em primeira e terceira pessoa — um recurso que amplia a acessibilidade e deixa a campanha mais flexível para diferentes estilos de jogador.
Na minha experiência, a jogabilidade foi ok, no sentido de que funciona, é fluida e entrega o básico esperado de um COD moderno. Jogar com amigos deixa tudo muito mais divertido, e aqui não foi diferente: quando entrei com um esquadrão, foi pura ação, praticamente sem prestar atenção na história. A intenção do jogo é essa mesmo — a campanha foi pensada para o co-op, e isso fica evidente no ritmo frenético e na forma como os encontros são estruturados.
Jogando sozinho, claro, a dinâmica muda: você passa a reparar mais na história, nos detalhes do cenário e no design das missões. Ainda assim, a sensação é de que o solo é uma opção “aceitável”, mas não o foco principal dos desenvolvedores.
Usei quase sempre a câmera em terceira pessoa, e ela funciona surpreendentemente bem. A alternância entre as perspectivas é rápida e, em alguns cenários mais fechados, a primeira pessoa ainda é melhor para enxergar e reagir rápido. Mas, no geral, dá para atravessar praticamente toda a campanha em terceira pessoa sem problemas — atirar, mirar e se movimentar nessa visão é totalmente funcional, e até preferi jogar assim.
A campanha também inclui um toque leve de exploração, com arquivos e colecionáveis espalhados pelas fases. Mas, sinceramente, não senti motivação para caçar cada um deles; peguei apenas os que estavam naturalmente no caminho. O foco aqui é avançar, atirar e sobreviver — e, nisso, Black Ops 7 entrega o que promete: ação constante contra tudo que se mexe na sua frente.
| Considerações Finais
A sensação que Black Ops 7 deixa é clara: a pressão de lançar um Call of Duty por ano está cobrando seu preço. A franquia sempre foi conhecida por campanhas marcantes, bem dirigidas e com atenção aos detalhes — mesmo quando não eram perfeitas, elas tinham personalidade. Aqui, entretanto, essa falta de capricho aparece em praticamente todos os cantos.
A campanha até entrega ação do começo ao fim, mas falha justamente no que deveria sustentar essa ação: imersão, cuidado narrativo e construção de personagens. Os personagens são tão esquecíveis que nem valeu a pena citá-los no tópico de história, e isso diz muito sobre o impacto (ou falta dele) que eles causam. A história funciona só como pano de fundo e pouco faz para envolver o jogador além do básico. Em um jogo anual, isso vira um problema sério — e um sinal de desgaste criativo.
Ainda assim, com amigos, a experiência melhora bastante, e a jogabilidade em si é sólida. Mas, como campanha solo ou como obra que deveria carregar o nome Black Ops com peso, BO7 entrega apenas o mínimo. É um COD divertido de jogar, mas não é um COD memorável — e isso, para uma série desse tamanho, já deveria acender um alerta.
Descubra mais sobre Gamerscore Brasil
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.





