Tempo de leitura estimado: 10 minutos

Fala galera do Gamerscore, beleza? Chegou o momento de separar os homens dos meninos e analisar Warhammer 40k Space Marine 2. Nesse conteúdo completo vamos ver os principais elementos, os seus modos de jogo e o que torna o título algo especial mesmo sendo mais do mesmo. Sem mais delongas, eu sou o Lemm e sejam todos bem-vindos ao Gamerscore Brasil.

| Trailer

| Sinopse

Repetindo o que comentei anteriormente no artigo sobre as primeiras impressões do jogo, vou começar pela parte fácil… se você jogou Warhammer 40k Space Marines 1, então esse é um game para você, pois o Space Marines 2 continua a trajetória do protagonista Titus, revelando as consequências da sua prisão no final do jogo anterior. Mais de um século após os eventos que levaram a sua prisão por heresia, Titus é apresentado como líder da Deathwatch Kill Team Primus e na minha opinião essa transformação deixou a sua armadura muito mais “badass” do que estevávamos acostumados. 

Deathwatch, também conhecida como a Longa Vigília é um destacamento de Space Marines veteranos que serve o Ordo Xenos, uma subdivisão dos Ordos Majoris que por sua vez faz parte da Inquisição. Tá, é muita informação de uma vez só, então como esse conteúdo é voltado mais para o jogo, vou tentar explicar de maneira simplificada, assim você vai ficar familiarizado com a visão do protagonista e seus companheiros dentro da história. 

Quando a campanha inicia, a humanidade já está unificada e presente em diversos sistemas solares. Conflitos militares são uma realidade no cotidiano do exército e diversas ameaças são monitoradas e combatidas. A Inquisição é uma organização militar do Império que trabalha secretamente para combater os principais inimigos do imperador. Ela é uma espécie de polícia secreta preocupada em proteger o império contra ameaças do caos, hereges, mutantes, alienígenas e rebeldes. Dentro dessa imensa organização militar existem divisões especializadas em combater diferentes tipos de inimigos e Titus ganhou uma “segunda chance” após anos de tortura e inquéritos ao ser destacado para uma divisão especializada em combater ameaças alienígenas. Esse é o motivo dele ser apresentado logo no início do jogo chegando ao planeta Kadaku. O planeta está sendo invadido pelos Tyranids e ele recebe a missão de retardar essa invasão através da ignição de uma arma biológica capaz de atingir os agressores alienígenas. 

A partir daí o jogador é apresentado ao prólogo e ao protagonista ao mesmo tempo. O prólogo é uma espécie de tutorial extenso que além de apresentar muito bem as mecânicas do jogo, tem o papel de situar a dimensão da catástrofe que Kadaku está passando. 

| O Essencial Que Deu Certo

O universo de Warhammer 40.000 é muito popular na cultura gamer, principalmente através dos jogos eletrônicos, mas nem todo jogador sabe que ele nasceu através de um jogo tático de tabuleiro que naturalmente foi adaptado para jogos eletrônicos à medida que a propriedade intelectual expandia a sua influência. 

A influência tática das suas origens aparece em diversos títulos dentro desse universo e por mais que Space Marine 2 traga indícios disso ao declarar na descrição das dificuldades disponíveis na configuração do jogo: “tactical play”, a grande realidade é que o jogo se trata primariamente de um Shooter em Terceira Pessoa com poucos elementos táticos impactantes. Isso fica nítido pelo fato irritante de não podermos utilizar um sistema de cobertura como acontece em jogos do mesmo gênero. Não é incomum passar por situações que mais lembram um combate de Dark Souls onde o personagem fica repetidamente dando cambalhotas. Esse tipo de coisa acontece justamente porque não existem mecânicas de jogo suficientes para sustentar um combate tático de longo prazo. Basicamente, o jogo é tático até o inimigo se aproximar o suficiente para ser uma ameaça. A ênfase do jogo está na carnificina desenfreada e apelo ao heroísmo exercido pelo protagonista durante a acompanha. Isso não significa que é um título ruim, mas que se adaptou muito bem ao tipo de mídia que está inserido e abraçou o “ser genérico” como uma característica do produto. Apesar do jogo trazer classes que possuem vantagens especiais no campo de batalha, essas classes soam muito mais como um complemento para diferenciar o jogador dos seus pares do que um conjunto de habilidades necessárias para superar os desafios. Isso quer dizer que todo desafio enfrentado poderia ser facilmente superado se os desenvolvedores tirassem as classes dos personagens e entregassem somente armas e munição. 

O jogo definitivamente não tem a pretensão de esconder o quão genérico é. Senti que os desenvolvedores da Saber Interactive não estavam dispostos a arriscar trazendo elementos novos. Em vez disso, eles trouxeram uma fórmula que já dá certo a um universo riquíssimo, com personagens de personalidade forte e desafios colossais que mantêm o jogador entretido do início ao fim da campanha. De forma resumida, seu personagem é limitado às seguintes ações: 

  1. Atirar 
  1. Esquivar 
  1. Aparar 
  1. Correr 
  1. Utilizar habilidade de classe 
  1. Arremessar granada 
  1. Finalizar um oponente 
  1. Levantar um companheiro caído 

| Imagens

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| O Conjunto da Obra

O que eu falei anteriormente pode parecer um pouco duro, mas se você pegasse qualquer universo menos profundo e tentasse utilizar a fórmula que os desenvolvedores usaram, provavelmente a recepção do jogo seria bem pior. Space Marines 2 está bem avaliado na Steam e foi bem recebido pela crítica. Trilha sonora, cenários exuberantes, quantidade enorme de inimigos em tela, dublagem excelente e coesão durante a campanha são os elementos que tornam o título muito bom. Você vai facilmente se sentir dentro daquela guerra e o jogo te entrega isso em todos os aspectos possíveis. A única coisa que na minha opinião podia melhorar é a animação dos rostos dos personagens. Em pleno 2024, com diversas ferramentas disponíveis, a equipe de desenvolvimento conseguiu entregar uma performance “OK” nesse quesito. De resto, toda a apresentação é excelente e o jogador com certeza desfrutará de uma imersão prazerosa. 

A campanha é bem curta, porém sua duração é suficiente para entregar um roteiro legal e com certeza se fosse um pouco mais longa a gameplay ficaria maçante devido a repetição constante da fórmula: apresentação da missão, combate, diálogo, boss, retorno para a espaçonave. O jogo é um ciclo dessa fórmula com variações de inimigos e cenários. Não espere encontrar veículos, puzzles e novos desafios a cada capítulo. Você estará o tempo todo macetando os inimigos e apreciando o universo do jogo. Quero até deixar claro que o tamanho da campanha me pareceu ideal e em nenhum momento me senti entediado durante a jornada. 

| A Campanha Termina a Gameplay Começa

O fim da campanha marca a evolução das habilidades do jogador e apresenta uma oportunidade de explorar diferentes pontos de vista dos acontecimentos. É possível jogar com outros personagens localizados em regiões diferentes que apoiaram Titus durante a sua jornada. O modo operações é um tipo de jogo cooperativo onde é possível customizar o seu personagem com armas, armaduras, vantagens e habilidades. É muito legal explorar missões paralelas aos acontecimentos da campanha enquanto customiza seu personagem e interage com outros jogadores. Inclusive nesse modo é inserido o conceito de classe. 

Cada classe possui uma habilidade especial além de limitações sobre os equipamentos que podem ser utilizados. Toda classe tem uma árvore de vantagens desbloqueáveis à medida que o personagem evolui o seu nível fazendo missões. A intenção é concluir todas as operações e repeti-las em dificuldades mais altas para evoluir ainda mais enquanto desbloqueia cosméticos, habilidades e equipamentos. 

Além do modo multiplayer cooperativo chamado Operações, o jogo também traz 3 tipos de multiplayer competitivo que seguem o mesmo fundamento do modo Operações: classes e personagens que evoluem à medida que o jogador joga. O multiplayer envolve 6 jogadores contra 6 jogadores. Os três tipos de jogo multiplayer competitivo que temos atualmente são: 

Aniquilação: Nesse tipo de jogo o objetivo é destruir os inimigos. Cada inimigo destruído concede um ponto para a equipe do agressor e a partida termina quando a primeira equipe chega a 50 pontos. 

Tomada de Terreno: Nesse tipo de jogo as duas equipes devem guardar uma área que muda de posição durante a partida. Quando o terreno é garantido a equipe que mantem o controle recebe pontos. Vence a partida que alcançar o maior número de pontos possível. 

Capturar e Controlar: Nesse tipo de jogo existem pontos de interesse no mapa que devem ser tomados e guardados pelas equipes. A equipe que mantém mais território recebe pontos. Para mim é o modo mais tático já que a equipe tem que se preocupar em defender e atacar organizadamente para manter a maioria dos pontos de interesse capturados simultaneamente. 

| Conclusão

Eu tentei fazer uma leitura do que torna esse jogo tão bom de jogar se na prática ele não traz inovações mirabolantes nem uma nova perspectiva a um tipo de gameplay amplamente difundida no mercado. Acho que o game traz uma nostalgia invisível ao referenciar indiretamente diversos títulos de forma consciente ou não. Acontece que as mecânicas adicionadas a Warhammer 40.000 Space Marine 2 trazem o melhor de alguns jogos na medida certa, sem por nem retirar nada. Na parte de combate corpo a corpo temos finalizações belíssimas, oportunidade de aparar/esquivar e inúmeros inimigos para combater simultaneamente. Senti um pouco da sensação de estar no comando de Marius Titus em Ryse: Son Of Rome ao executar inimigos, realizar esquivas e bloqueios em lutas corporais de tirar o fôlego. A apresentação visual dos personagens, seu senso de responsabilidade e o tom de irmandade me trouxeram de volta a momentos emocionantes de Gears of War. A forma como as decisões são tomadas, como os soldados se dispõem aos perigos, a intrepidez ao enfrentar as adversidades e o heroísmo no modo de ser e pensar de Halo. Tudo isso é misturado em Warhammer mesmo que de forma simples e mais caricata. Adicione um universo riquíssimo e temos um título que será lembrado por muito tempo. Ah! Também temos o fato de o jogo ser entregue “nos moldes antigo da indústria”: nada pela metade, nada de 300 microtransações para se ter uma experiência completa, nada de campanha repartida. Tudo está lá, você pode comprar, jogar e finalizar sem se preocupar em adquirir novos produtos. Enfim, acho que é um game que vale a pena jogar apesar de ser curto de certa forma.

| AVALIAÇÃO

[detailsTable showheader=”0″]História;
Visual ;
Áudio;
Jogabilidade;
Diversão ;
[/detailsTable]

| OUTROS DETALHES

[detailsTable showheader=”0″]VISUAL;TERCEIRA PESSOA
MODO DE JOGO;SINGLE-PLAYER
CONQUISTAS;50
TIPO;AÇÃO / AVENTURA
TEMPO PARA 1000G;40-50 HORAS
[/detailsTable]


Autor

  • Lemm

    Sou ex-engenheiro de software, fundador do Clube Cultura Gamer (CCG), e narrador de tabletop RPG de horror. Amo os jogos eletrônicos desde 1997. Me considero um Sommelier de Games. Sou apaixonado por detalhes, histórias e mecânicas. Adoro debates fundamentados. Dou preferência a games sandbox, colony management sim, co-op, survivor e RPG. Também gosto de conversar sobre investimentos, política e a rotina da vida. Aperta o PLAY!

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1 comentário

  1. Fala Lemm!
    Big fan here from Brazil kkkkkk.
    Análise muito boa cara, eu que não sou muito do universo e dos TPS (Third-Person Shooter) fiquei com vontade de jogar devido à analise. Gostaria só de entender mais profundamente sobre o porque do jogo ser taxado como genérico quando olhando pro que foi lançado recentemente nessa gama de TPS eles não obtiveram tanto sucesso quanto esse jogo, um abraço!

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