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A indústria dos videogames tem seguido um padrão de lançamentos de hardware que, até recentemente, parecia estar bem definido: uma nova geração de consoles a cada seis ou sete anos, trazendo avanços tecnológicos que impulsionam a qualidade dos jogos e a experiência dos jogadores. No entanto, com o lançamento de consoles de “meia geração”, como o PlayStation 4 Pro e o Xbox One X, a dinâmica começou a mudar. Agora, com o lançamento de um PlayStation 5 Pro sendo lançado levanta uma questão importante: será que realmente precisamos de um novo console agora?

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Se olharmos para o estado atual da indústria, é evidente que o PlayStation 5 e o Xbox Series X ainda não mostraram todo o seu potencial. Muitos dos jogos lançados até agora são versões aprimoradas de títulos cross-gen, ou seja, feitos tanto para a geração atual quanto para a anterior. Isso limita o quanto os desenvolvedores conseguem explorar as novas tecnologias de hardware, como o ray tracing, o armazenamento SSD ultrarrápido e a melhoria na inteligência artificial dos jogos. Estamos, de certa forma, apenas começando a arranhar a superfície do que esses consoles podem fazer.

Nesse contexto, é justo questionar: faz sentido lançar um PS5 Pro agora? A Sony corre o risco de seguir um caminho que já se mostrou desastroso no passado. E, para entender isso, basta olhar para o que aconteceu com a Sega.

Nos anos 90, a Sega dominava o mercado com seu Mega Drive (ou Genesis). Mas, em uma tentativa de se manter à frente da concorrência, começou a lançar uma série de modelos e periféricos, como o Sega CD e o 32X, além do Sega Saturn. O excesso de revisões e acessórios fragmentou sua base de consumidores e confundiu o mercado. Os jogadores não sabiam para onde direcionar seus investimentos, e a Sega acabou se perdendo em meio a tantos lançamentos, o que contribuiu para seu eventual colapso no mercado de consoles.

A Sony, ao apostar em um PS5 Pro neste momento, corre um risco semelhante. O PS4 Pro foi um sucesso de vendas, mas também gerou dúvidas sobre a necessidade de um ciclo de atualização tão curto. Com a atual geração ainda longe de atingir seu auge, lançar um novo modelo agora poderia enfraquecer a confiança dos consumidores, dividir o foco das desenvolvedoras e criar uma percepção de que o ciclo de vida dos consoles está se tornando cada vez mais curto — como se estivéssemos presos em um ciclo infinito de atualizações, semelhante ao mercado de smartphones.

Aqui, vale observar a postura da Microsoft com o Xbox. Até agora, a empresa não anunciou um “Xbox Series X Pro” ou qualquer atualização de meia geração, mantendo o foco na performance dos consoles atuais. Além disso, a Microsoft tem evitado lançar acessórios específicos para o Xbox que poderiam fragmentar sua base de usuários, ao contrário da Sony, que está investindo no PlayStation VR 2 e no PlayStation Portal, um dispositivo de streaming portátil. Enquanto a Sony amplia sua linha de produtos com periféricos que exigem mais investimento dos jogadores, a Microsoft parece seguir uma abordagem mais contida, preferindo maximizar o que já foi colocado no mercado e focando no desenvolvimento de seu ecossistema, especialmente no que tange ao cloud gaming.

Além disso, com o avanço das tecnologias de cloud gaming e streaming, a necessidade de investir em novos hardwares poderosos pode estar diminuindo. A Microsoft, com o Xbox Cloud Gaming, já está mostrando que é possível entregar uma experiência de alta qualidade sem que o jogador precise do console mais recente em mãos. Será que a Sony está levando isso em consideração ao planejar um PS5 Pro?

A lição que a Sega nos deixou é clara: inovação é importante, mas excesso de lançamentos e atualizações pode alienar os consumidores e fragmentar o mercado. Em vez de se concentrar em um novo hardware, talvez o foco da Sony devesse estar em tirar o máximo proveito do PS5 atual, incentivando as desenvolvedoras a criar jogos que realmente explorem as capacidades do console, sem apressar a necessidade de uma nova versão.

Convido você, leitor, a refletir comigo: será que precisamos mesmo de um PS5 Pro? Ou a Sony está se arriscando a seguir os mesmos passos que levaram a Sega ao declínio no mercado de hardware? Enquanto a Microsoft parece evitar esse caminho, será que a Sony está acelerando demais e arriscando seu lugar no mercado com tantos lançamentos paralelos? Talvez seja o momento de desacelerar e deixar que a atual geração de consoles mostre do que realmente é capaz antes de pensarmos em novos lançamentos.


Autor

  • Carlos Alberto Siderscreed

    Técnico de Segurança do Trabalho com prazer, porque se desejam ficar ricos, escolham outra profissão. Nas horas vagas, me aventuro nos mundos dos jogos, sendo um guerreiro corajoso, um ladrão astuto e um assassino implacável e, é claro, falho em todas essas missões com maestria.

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